terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Têmpera

Um ferreiro, depois de uma juventude cheia de excessos, decidiu entregar sua
alma a Deus. Passou então, a trabalhar com afinco, a praticar a caridade mas, apesar de toda sua dedicação, nada parecia dar certo em sua vida.
Ao contrário, seus problemas e dívidas acumulavam-se cada vez mais.
Numa tarde, um velho amigo, que se compadecia de sua difícil situação, comentou com ele:
- É realmente estranho que, justamente depois de você se tornar um homem temente a Deus, sua vida tenha piorado. Eu não desejo enfraquecer sua
fé, mas apesar de sua crença espiritual, nada tem melhorado na sua vida.
O ferreiro já havia pensado nisso muitas vezes, sem entender, no
entanto, o que acontecia em sua vida.
Porém, acreditava numa coisa e procurou explicá-la ao amigo:
- Eu recebo nesta oficina, o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em espadas. Primeiro, eu aqueço a chapa de aço ao rubro. Em seguida, sem qualquer piedade, pego o martelo mais pesado e aplico vários golpes at que adquira a forma desejada. Depois, eu a mergulho numa tina de água fria e
a oficina inteira se enche de vapor, enquanto a peça estala e grita por causa da súbita mudança de temperatura.Tenho que repetir esse processo até conseguir a espada perfeita. Uma vez apenas, não é suficiente.
O ferreiro fez uma longa pausa e continuou:
- Às vezes, o aço que chega às minhas mãos não consegue agüentar esse tratamento. O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo
de rachaduras. Eu sei que jamais se transformará numa boa lâmina de espada.
Então, simplesmente coloco-o no monte de ferro velho que você viu na entrada da ferraria.
Mais uma pausa e o ferreiro concluiu:
-Sei que Deus está colocando-me no fogo das aflições. Tenho aceito as marteladas da vida e, às vezes, sinto-me tão frio e insensível como a água que faz sofrer o aço. Mas a única coisa que peço, é que Deus não desista até que eu consiga tomar a forma que o Senhor espera de mim. Que Ele tente da maneira que achar melhor, mas que jamais coloque-me no monte de ferro velho das almas. (autor desconhecido)

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