segunda-feira, 14 de abril de 2014

AFETOS


O problema da afetividade, na Terra, tem raízes profundas no passado espiritual de cada homem, como consequência natural dos antigos comportamentos, em relação aos inapreciáveis valores da vida.

Constitui regra fundamental, na legislação Divina, que cada ser possuíra, no trânsito carnal, quanto lhe constitua oportunidade de ascensão espiritual, devendo responder pela aplicação dos bens que frua, seja nas largas faixas da saúde, da felicidade e da fortuna ou da dificuldade econômica, do sofrimento e da soledade.

Todo desperdício, em qualquer circunstancia, faz-se geratriz de escassez. Da mesma forma, todo uso desordenado torna-se fator de abuso e desequilíbrio, em complicado processo de saturação...

As amplas expressões de afetividade que antes desfrutavas, transformaste, por negligência ou insânia, em rota estreita de padecimento, onde agora carpes amargos estados dalma.

O que ora te falta, arrojaste fora.

Quem hoje te significa muito e é disputado por competidores vigorosos em relação à tuas fracas possibilidades, já não te pertence. Mesmo que te doam as fibras do coração aceitar esta situação, resigna-te À circunstâncias punitivas e prossegue sem desfalecimento.

Não te atires em lôbrega disputa.

O que agora não consigas, ser-te-à ofertado depois, se te credenciares através de merecimento superior.

O amor entre as criaturas, não raro, se faz cadeia ou algema, quando o desatino não converte em escravidão ou loucura.

Olha em derredor: há necessidades de muito porte, pranteando aflições mais rudes que as tuas. Aqui é a fome, ali é a enfermidade, além é a obsessão avassalando antigos comparsas do desregramento... Carpem, é verdade, necessitando, no entanto, de socorro.

Transforma, assim, as conchas das tuas mãos vazias de carícias recebidas e envolve esses outros caminhantes da amargura e da solidão com a ternura que podes ofertar.

Certamente, o teu é o drama da falta de alguém que te possa refertar o espírito, dando-te tranquilidade, segurança.

Estará, porém, alguém, na roupagem carnal, em regime de harmonia?

Ignoras os infortúnios dos que sorriem, aparentando felicidade e não sabes das inquietações de que são objeto os que parecem roubar a quem amas, cavando abismos de distância entre o ser amado e tu, mas que afinal, será despenhadeiro para a própria precipitação, na queda, em cuja borda se encontram...

Não te desgastes pela sofreguidão da posse dos afetos que pensam ou desejam ir adiante, ou sofrem pela constrição da tua presença.

Um dia, separar-te-ás, deles pela desencarnação.

Os amores verdadeiros se refarão, os demais serão experiências para o futuro eterno.

Prepara-te pouco e pouco, para esse momento.

Nem apego exagerado, nem indiferença mórbida.

Aumenta as províncias da tua afetividade, libertando-te das amarras que te atam a pessoas e coisas, irrigando mentes e corações que defrontes, com as alegrias que gostarias de gozar, mas que, por enquanto, ainda não podes desfrutar.

Não tomes, assim, dos outros  o que te chega tardiamente, nem compliques o amanhã, considerando as dificuldades que hoje te maceram.

E se parecer-te difícil chegar ao fim do compromisso, na atual reencarnação, porque te sintas a sós, reflete na misericórdia de Nosso Pai e nos amores que te esperam, vencida a distância que te separa das praias felizes que atingirás, logo mais, onde estarão os que precederam e te amam em caráter de totalidade.
(Extraído do Livro: Celeiro de Bênçãos (1974) - Divaldo P. Franco/ Espírito Joana de Ângelis, pag 130)