quinta-feira, 12 de março de 2009

O DESEJO OCULTO

Todos nós temos alguns desejos na vida...
Recebi de um amigo a mensagem abaixo que me foi muito proveitosa, e indico terapeuticamente a todos nós que desejamos algo ou alguém:
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis;batei e abrir-se-vos-á.” Mateus, 7:7.Nas várias vidas sucessivas estabelecemos metas quenem sempre alcançamos. Desejos reprimidos, frustraçõesnão resolvidas, que acabam por ocupar um grande espaço napsiquê. Vão se somando, tornando-se um grande eenovelado complexo, cuja dissolução se torna impraticável acurto espaço de tempo. Os grandes feitos e as conquistasmorais do Espírito acabam por reduzir gradativamente otamanho daquele complexo, permitindo que se viva sem queele necessariamente constele ou suba à consciência.As desencarnações prematuras (crianças, jovens,adultos-jovens), ocorridas principalmente por acidentes,mesmo que obedecendo o necessário planejamento,provocam, após o desencarne, a frustração de planos queforam cuidadosamente elaborados e que se constituíram narazão de viver do ex-encarnado. Esses cortes num futuroque fora antecipadamente idealizado, promovem osurgimento de desejos internos, guardados em camadas dapsiquê, que anseiam por realizar-se. Face ao esquecimentodo passado, tornam-se núcleos de ansiedade e tristeza, cujaerradicação necessitará de realização ou reelaboração doque foi negado.Aos poucos esses desejos íntimos são organizadosnum processo único ou em alguns semelhantes, que, quandorealizados, preenchem de satisfação o Espírito, sem que elese dê conta do motivo de sua incontida alegria. O acúmulodemasiado dessas frustrações provoca crises depressivas,além de baixa auto-estima.Nesse sentido, podemos dizer que a psiquê, como umafunção do Espírito, tem a capacidade de armazenar osdesejos mais recônditos e, no momento oportuno, realizálosa fim de liberá-lo da contenção sofrida. O pedido antesfeito, em algum tempo, quando as circunstânciasfavorecerem, será realizado. Nem sempre da mesma formaque foi solicitado, face à união com outros desejos que seassemelham, mas algo será realizado.A colocação do Cristo vai ao encontro do Self, tendoem vista sua função ordenadora e condutora psíquica dodesenvolvimento do Espírito. Na medida que evoluímos,cada vez mais reestruturamos a nossa psiquê, que passa aatender a novos modos de executar as emoções,pensamentos e desejos do Espírito. Pedir é, em certosentido, estabelecer novo modo de execução. A repetição dopedido provocará uma reorganização na função deexecução, promovendo a obtenção do que se solicitou.A psiquê funciona como um canal condutor davontade do Espírito. A exemplo de um canal condutor deum líquido, que, se alterada sua forma, modificará oformato do contorno do líquido conduzido, a psiquê poderáser remodelada, modificando o produto desejado. Avontade, a emoção e o pensamento, oriundos do Espírito,serão exteriorizados de formas distintas a depender daestrutura da psiquê, veículo (função) responsável pelaexecução.A afirmação do Cristo se dirige também à intimidadepsíquica do Espírito. Seu alcance permite que o Espíritoregistre o poder que possui, bem como a responsabilidadede sua vontade sobre o mundo. A vontade gera emoções,que, por sua vez, geram pensamentos, e estes, atitudes quenos situam no mundo. Somos responsáveis pelo quequeremos, sentimos, pensamos e fazemos ou deixamos defazer.A mente humana executa os nossos desejos maisíntimos, face a uma função estrutural, enraizada no Espírito.Pedir a Deus, à Vida ou ao Universo, não importa o nomeque se dê, torna-se, dessa forma, algo importantíssimo, faceàs conseqüências que acarreta ao Espírito. “Pedi, e dar-sevos-á” funciona como um alerta, isto é, parece que o Cristonos previne: Cuidado! O que você desejar, obterá, pois háuma função que se estruturará para atender seu pedido.O pedido que fazemos, nem sempre é atendido comoo queremos, pois nos falta percepção do que é melhor paranosso processo evolutivo. Se pedirmos algo inadequado,inconveniente ou mesmo impossível, a psiquê se estruturarápara nos oferecer as circunstâncias que favorecerão umalição que nos eduque a pedir.Mobilizamos o universo a nossa volta com nossosdesejos. O universo conspira a favor da evolução doEspírito. As leis de Deus funcionam nesse sentido. Quantomais evoluídos somos, mais flexível se torna nosso destino,mais capacidade temos de modificá-lo. Isso possibilita queestruturemos a psiquê a serviço do amor, da harmonia e dapaz, sem que criemos mecanismos artificiais dedesenvolvimento mental. Aprendemos, aos poucos, atravésdas repetidas experiências reencarnatórias e com paciência,como pedir e obter o que é melhor para o Espírito, e nãopara o ego.Os pedidos que normalmente fazemos à Vida, oumesmo a Deus, se situam na esfera do desejo do ego e sedestinam a atender as necessidades materiais, porém essespedidos são geralmente aqueles em que não obtemos oobjeto desejado. No lugar do objeto recebemos lições quenovamente nos ensinarão a aprender a pedir.Muito cuidado devemos ter ao pedir, pois estaremosmodificando nossa estrutura psíquica, face à força do desejoe aos poderes que atribuímos ao ego. Acertadamenteresponderam37 os Espíritos Codificadores a Allan Kardecsobre o maior obstáculo ao progresso, como sendo oegoísmo ao lado do orgulho.Esse desejo interno que todos temos, e que às vezes semanifesta como o de possuir, de viver, de amar, de crescer,vem do Espírito, porém, quando o fazemos para satisfaçãoexclusivamente pessoal, ele provém do ego, tornando-seegoísmo.38O universo do ser humano nasce com sua consciênciada própria existência. Não há Vida real sem a consciênciada existência e do motivo para o qual se existe. Oevangelho, ou a mensagem do Cristo, ou mesmo amensagem transformadora do Espiritismo, possibilita,quando vivida, a consciência da existência.A afirmação do Cristo “pedi, e dar-se-vos-á”possibilita a percepção de que o mundo se configura naforma como o enxergamos. Ele passa a ter os contornos dosnossos desejos e das nossas atitudes. A flexibilidade da vidaé uma atribuição nossa, tanto quanto sua rigidez. O mundo éo que vemos e sentimos. Como a realidade é não o sabemos,porém, com certeza, ela é mais do que somos capazes deconcebê-la. Essa parcela da realidade que não somoscapazes de captar representa aquilo que necessitamos ir embusca. Quando a conquistarmos, veremos que ainda nosfalta muito, mas muito mais do que imaginávamos. Oslimites do corpo e as capacidades limitadas da psiquê nãopermitem aquela visão completa.37 Questão 785 de O Livro dos Espíritos.38 Questão 883, idem.Nesse sentido, podemos entender a afirmação39categórica do Cristo: “Aquele que crê em mim, fará tambémas obras que eu faço, e outras maiores fará.”, isto é, hámuito mais a se conhecer sobre nós mesmos do queimaginamos que já sabemos. É um processo contínuo decrescimento que jamais cessa.
(Fonte: Adenáuer Novaes, Psicologia do Evangelho).

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