terça-feira, 23 de março de 2010

CHEGA O MEU OUTONO (Luciana)

Chega o outono, a paisagem terrestre muda...
As flores já foram, o calor fica na lembrança e as folhas começam ser vistas secas pelo chão a fora...
Os casacos são tirados da gaveta, a lavanderia recebe mais edredons e mantas para lavagem, e o guarda chuva as vezes esquecido em algum lugar visitado.
Penso que nosso EU também recicle como a natureza...
Não percebo as idas e vindas da vida interna que me acomete, talvez pela falta de tempo que dedido a mim...
As células pedem mais água, o estômago pede que se evite o gelado, a nuca não quer o vento nos cabelos molhados, os pés desejam ser aconchegados a uma meia ou um sapato que os proteja da temperatura, o estômago espera pratos apetitosos (maioria com uma ligeira fumacinha...), os pulmões começam entender a mudança do tempo e pede maior ajuda ao nariz (ao aquecer o ar), o cérebro tem que trabalhar mais na liberação de neurotransmissores para evitar a depressão, e o coração pede calma às emoções. Apenas o sangue continua seu trabalho de abastecimento e reposição...(já que é trocado a cada 90 dias, aprendeu: ir e vir, ganhar e perder).
Olho o outono da Natureza e reflito na semelhança com o meu outono da Vida. São semelhantes: percebo e agardeço o que ganhei no verão (novos amores, paqueras, amizades, famosos "bicos de trabalhos"), e percebo que começo despedir (mesmo sem querer) de algo interno que ainda me pesa (ideais mal formulados, objetivos inatingíveis, pessoas indiferentes, empregos mau sucedidos, construções inacabadas, palavras que nunca foram ditas e sentimentos que não foram vividos...).
Vem a ligeira sensação de vazio...
Olho para o chão e vejo quanta coisa retida no âmago do meu ser! Quantas ilusões, quantas decepções, quantas coisas bem vividas...
Agora todas estão no chão da vida, mostradas para mim!
Estou em pé, olhando aquilo tudo no chão e percebo: o que vou reter na alma, serão apenas as lembranças de tudo aquilo que vivi e também o que desejei e não vivi.
A cabeça pende para o chão, as lágrimas visitam meus olhos; o coração parece ficar tão apertado que o sangue pede socorro para passar, enquanto meus pulmões parecem reter em mim o melhor e o pior de tudo aquilo até que o novo ar entre; não sinto os pés e mais nada...
O tempo passa sem que eu perceba (1 minuto? 1 eternidade?) e entendo que é hora de olhar para cima...
Lembro-me das aulas de Yoga e faço uma inspiração profunda e lenta, tento reter em mim a energia que me falta, e lentamente vou expirando o ar das minhas profundezas, faço ligeira apnéia e inspiro novamente...
Inicio então o trabalho de olhar para cima... Sinto que o corpo ainda não acompanha bem esse desejo, o hábito de olhar para baixo vicia o corpo. Dou tempo a mim mesma, e me entrego ao novo ar. Percebo que ainda tenho muito o que despedir, mas haverá nova estação lá na frente pra isso, e que posso desfrutar de paisagens novas agora.
Olho pra o céu e agradeço a Deus as lembranças que serão transportadas vidas à fora, porque me mostram o quanto cresci com todas elas!!!
Abro um livro para me abastecer (Filho de Deus, Joanna de Ângelis/ Divaldo Pereira Franco) e leio a seguinte mensagem:
"DEUS SEMPRE
Por mais terrível se te apresente a situação, segue adiante, sem desfalecimento.
O desânimo é inimigo sutil que inutiliza os mais belos empreendimentos da vida.
Se os amigos te abandonaram ante os insucessos econômicos ou afetivos que te chegaram; se os parentes e afetos resolveram afastar-se por motivos que desconheces; se tudo te empurra ao limite estreito da solidão, recompõe-te intimamente e espera.
É provável que te sintas a sós, e que, aparentemente, estejas sem companhia.
Isto, porém, não é uma realidade espiritual, mas o reflexo do momentâneo estado de alma que te assalta.
Nunca estás sozinho.
Fazendo parte integrante da Criação, ela está em ti, quanto nela te encontras.
No lugar onde estejas Deus está contigo: no lar, no trabalho, no espairecimento, no repouso, na doença, na saúde, nEle haurindo consolo e forças para prosseguires nos misteres a que te vinculas.
Somente te sentirás a sós, se deixares de preservar o vínculo consciente com o Seu amor.
Mesmo assim, Ele permanecerá contigo.
Estás unido a toda a Humanidade.
Vão-se umas pessoas.
Outras chegam.
Não te amargures com as que partem.
Não te entusiasmes com as que chegam.
As criaturas passam como veículos vivos: têm um destino e não as podes deter.
Compreendendo esse impositivo, faze-te o amigo e irmão de quem te encontres no caminho, não o retendo ao teu lado, nem te fixando no dele.
Ajuda-o e segue.
Só Deus, porém, é sempre o constante companheiro.
Por isso nunca te permitas sentir solidão."

Até à próxima estação da Natureza e da minha Vida!
Luciana

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