Adeptos das dietas de ingestão de pouco carboidrato e muita proteína têm conseguido resultados que consideram satisfatórios, apesar de a ciência ainda pouco saber sobre os efeitos a longo prazo de tais métodos, especialmente com relação à saúde vascular.
Um novo estudo, feito nos Estados Unidos, acaba de aumentar o conhecimento sobre o assunto, com má notícia para os defensores dessas alternativas para emagrecimento.
A pesquisa apontou que camundongos submetidos a dieta de pouco carboidrado e bastante proteína apresentaram, após 12 semanas, um elevado aumento da aterosclerose, processo inflamatório caracterizado pela formação de placas de gordura na parede das artérias, uma das principais causas de infarto e de derrames.
O estudo identificou que a dieta levou a uma redução na capacidade de formar novos vasos sanguíneos em tecidos com fluxo sanguíneo prejudicado, como costuma ocorrer durante um infarto.
O trabalho, que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), também destaca que indicadores costumeiros de risco cardiovascular, entre os quais o colesterol, não se alteraram nos animais submetidos à dieta, apesar da clara evidência de aumento de problemas vasculares.
“É muito difícil saber, por meio de estudos clínicos, como as dietas afetam a saúde vascular. Por conta disso, a tendência é tomar como base a eficiência de métodos com marcadores facilmente observáveis, como o colesterol. Mas nossa pesquisa indica que, pelo menos em animais, essas dietas podem ter efeitos cardiovasculares adversos que não se refletem em marcadores simples”, disse Anthony Rosenzweig, diretor de pesquisa cardiovascular no Beth Israel Deaconess Medical Center e professor da Escola Médica Harvard, um dos coordenadores do estudo.
Os autores do estudo verificaram que um aumento na formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos e o prejuízo na capacidade de formar novos vasos estavam associados com uma redução na quantidade de células que dão origem aos vasos. Essas células, sugerem, podem ter um papel de proteção na saúde vascular.
A dieta submetida aos camundongos foi constituída por 12% de carboidratos, quase 43% de gordura, 45% de proteína e 0,15% de colesterol. Um segundo grupo de camundongos passou por uma dieta típica do animal e um terceiro por uma dieta ocidental comum.
Os cientistas observaram que os camundongos do primeiro grupo ganharam, após 12 semanas, 28% menos peso do que os alimentados com o equivalente a uma dieta ocidental comum, percentual consistente com valores geralmente verificados em humanos.
Análises mais aprofundadas, entretanto, revelaram que os vasos sanguíneos dos animais do grupo da dieta de alta proteína e baixo carboidrato apresentaram um grau de aterosclerose significativamente mais elevado. O acúmulo de placas de gordura foi de 15,3%, contra 8,8% da dieta ocidental regular. O grupo da dieta de camundongos apresentou evidência mínima de aterosclerose.
Em busca de explicação para a maior formação de placas, os pesquisadores chegaram às células endoteliais progenitoras (EPC, na sigla em inglês), que formam vasos sanguíneos.
“Exames nas medulas ósseas e no sangue periférico dos animais mostraram que as medidas de EPCs caíram cerca de 40% entre aqueles submetidos à dieta de baixo carboidrato. E isso após apenas duas semanas. Embora a natureza e o papel específico dessas células ainda estejam sendo investigados – e precaução é fundamental na hora de extrapolar efeitos de camundongos para situações clínicas –, os resultados me convenceram a cortar a dieta”, disse Rosenzweig. O pesquisador era adepto da dieta de alta proteína e baixo carboidrato.
O artigo Vascular effects of a low-carbohydrate high-protein diet, de Anthony Rosenzweig e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
Um novo estudo, feito nos Estados Unidos, acaba de aumentar o conhecimento sobre o assunto, com má notícia para os defensores dessas alternativas para emagrecimento.
A pesquisa apontou que camundongos submetidos a dieta de pouco carboidrado e bastante proteína apresentaram, após 12 semanas, um elevado aumento da aterosclerose, processo inflamatório caracterizado pela formação de placas de gordura na parede das artérias, uma das principais causas de infarto e de derrames.
O estudo identificou que a dieta levou a uma redução na capacidade de formar novos vasos sanguíneos em tecidos com fluxo sanguíneo prejudicado, como costuma ocorrer durante um infarto.
O trabalho, que será publicado esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), também destaca que indicadores costumeiros de risco cardiovascular, entre os quais o colesterol, não se alteraram nos animais submetidos à dieta, apesar da clara evidência de aumento de problemas vasculares.
“É muito difícil saber, por meio de estudos clínicos, como as dietas afetam a saúde vascular. Por conta disso, a tendência é tomar como base a eficiência de métodos com marcadores facilmente observáveis, como o colesterol. Mas nossa pesquisa indica que, pelo menos em animais, essas dietas podem ter efeitos cardiovasculares adversos que não se refletem em marcadores simples”, disse Anthony Rosenzweig, diretor de pesquisa cardiovascular no Beth Israel Deaconess Medical Center e professor da Escola Médica Harvard, um dos coordenadores do estudo.
Os autores do estudo verificaram que um aumento na formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos e o prejuízo na capacidade de formar novos vasos estavam associados com uma redução na quantidade de células que dão origem aos vasos. Essas células, sugerem, podem ter um papel de proteção na saúde vascular.
A dieta submetida aos camundongos foi constituída por 12% de carboidratos, quase 43% de gordura, 45% de proteína e 0,15% de colesterol. Um segundo grupo de camundongos passou por uma dieta típica do animal e um terceiro por uma dieta ocidental comum.
Os cientistas observaram que os camundongos do primeiro grupo ganharam, após 12 semanas, 28% menos peso do que os alimentados com o equivalente a uma dieta ocidental comum, percentual consistente com valores geralmente verificados em humanos.
Análises mais aprofundadas, entretanto, revelaram que os vasos sanguíneos dos animais do grupo da dieta de alta proteína e baixo carboidrato apresentaram um grau de aterosclerose significativamente mais elevado. O acúmulo de placas de gordura foi de 15,3%, contra 8,8% da dieta ocidental regular. O grupo da dieta de camundongos apresentou evidência mínima de aterosclerose.
Em busca de explicação para a maior formação de placas, os pesquisadores chegaram às células endoteliais progenitoras (EPC, na sigla em inglês), que formam vasos sanguíneos.
“Exames nas medulas ósseas e no sangue periférico dos animais mostraram que as medidas de EPCs caíram cerca de 40% entre aqueles submetidos à dieta de baixo carboidrato. E isso após apenas duas semanas. Embora a natureza e o papel específico dessas células ainda estejam sendo investigados – e precaução é fundamental na hora de extrapolar efeitos de camundongos para situações clínicas –, os resultados me convenceram a cortar a dieta”, disse Rosenzweig. O pesquisador era adepto da dieta de alta proteína e baixo carboidrato.
O artigo Vascular effects of a low-carbohydrate high-protein diet, de Anthony Rosenzweig e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
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