terça-feira, 12 de junho de 2012
Ter ou não ter namorado
Vi esse poema pela primeira vez em uma aula de Sistema Pulmonar na Unicamp, com a Profa. Alba Regina Monteiro Souza Brito iniciando sua aula...
Achei muito estranho uma professora começar uma aula recitando uma poesia, um poema e dando vida a todos nós que a ouvíamos em silêncio...
Como fazer os pulmões não ficarem sem ar ou como não fazer uma grande inspiração com aquelas palavras...
Ainda hoje ao lê-lo sinto o coração bater descompassado, as mãos suarem frias, a coluna arrepia e a alma fica feliz...
Mesmo sem a presença física de um NAMORADO, quando você escolhe ter um NAMORADO, sua vida ficará cheia de luz...
Feliz Dia dos Namorados!
Luciana
Ter ou não ter namorado (Carlos Drumond de Andrade)
Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil porque namorado de verdade é muito raro.
Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil.
Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção.
A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira:
basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar.
Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas,
beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado.
Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz.
Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos.
Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar.
Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança.
De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela.
Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada.
Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.
sábado, 2 de junho de 2012
CHAPEUZINHO VERMELHO- EU!
Quando a gente é criança adotamos uma estória por algum motivo, e quando crescemos vamos entendendo o significado daquela escolha...
Contos de fadas sempre acabam bem, finais felizes, casais se amando para o resto da vida (embora a gente nunca os veja depois de aparecer na tela: THE END), o bem triunfa sempre e o mau acaba nas grades ou educa-se em novo ser...
Estórias infantis trazem algumas vivências para nós, que ao sermos crianças introjetamo-nos em um personagem e assim parece que conseguimos crescer sendo o herói de nossas vidas...
Na verdade eu só me dei conta dessas estórias e realidade sobre elas há pouco tempo, com uma amiga LucimariaDaí eu fiquei pensando nas minhas estórias, dos "erois" que eu gostava e que eu queria que fossem herois meus...
Lembrei-me de como Chapeuzinho Vermelho me marcou:
Tenho certeza hoje eu escolhera UM SENTIDO PARA A VIDA, usando essa estória. Eu sempre buscaria o Caçador!
Há uma semana ganhei um cãozinho Black ou Wolf (ainda não sei como chamá-lo, parece que fica mais dócil quando Black e mais endiabrado quando Wolf) e olhando para ele, me lembrei de mim...
Como passei a vida atrás do Caçador!!!
Tudo o que fiz, vivi e senti, tinha um objetivo: ENCONTRAR O CAÇADOR!!!
Num belo dia, sem perceber, e nem mais me lembrar da estória.............
Percebi agora, que escolhi estória errada, porque na Chapuzinho o Caçador, a menina, mãe e vovozinha terminam juntos, e eu?
Eu reflito na mãe de mim mesma que sou, me deixando solta à floresta do desconforto emocional, do desamparo amoroso, sem refletir...
Eu reflito na Chapeuzinho que sou, completamente desligada da cena, sem se quer se dar conta que a vida está passando, e não há ninguém na floresta da vida que apavore tanto quanto a mentira...
Vejo em mim a Chapeuzinho que quer agradar alguém, mas esquece de se proteger, acreditando que um simples casaco vermelho com capuz seja suficiente para encapar-me..
Encontro em mim a vovozinha que ainda não entendeu que doces não são adequados á idade, que comer com a boca não é necessário quando se tem alimento na alma... Vejo-me como alimento de lobo mal intencionado e que por incrível que pareça saio ilesa de sua barriga, porque Meu Eu não faz digestão na barriga alheia ao amor!
E como não ser a Caçadora? Sorrio vendo em mim a grande Caçadora que sou, caço pessoas, caço amores, caço sorrisos, caço paz, caço tranquilidade e adoro resolver problemas dos outros...
Não sei como escrever aqui uma respiração profunda que nesse momento faço, e não devo escrever aqui sobre o meu caçador...
Ter um Caçador é você simplesmente saber que você vive porque um dia ele RESGATOU VOCÊ.
É esse caçador que habita minha alma, que me atende aos chamados sem gritos, que me olha sem julgamento, e que me mostra o quanto ainda preciso crescer...
Gostei da Chapeuzinho, gosto muito de mim, e assim como não sei o nome do autor da Chapeuzinho vermelho, não declinarei o nome do CAÇADOR DE MIM.
Contos de fadas sempre acabam bem, finais felizes, casais se amando para o resto da vida (embora a gente nunca os veja depois de aparecer na tela: THE END), o bem triunfa sempre e o mau acaba nas grades ou educa-se em novo ser...
Estórias infantis trazem algumas vivências para nós, que ao sermos crianças introjetamo-nos em um personagem e assim parece que conseguimos crescer sendo o herói de nossas vidas...
Na verdade eu só me dei conta dessas estórias e realidade sobre elas há pouco tempo, com uma amiga LucimariaDaí eu fiquei pensando nas minhas estórias, dos "erois" que eu gostava e que eu queria que fossem herois meus...
Lembrei-me de como Chapeuzinho Vermelho me marcou:
- ninguém morria no conto, a não ser o Lobo Mau, mas afinal ele era um bicho, e eu preferia que os humanos vivessem...
- Também tinha apenas poucos personagens: a Chapeuzinho, sua mãe, sua avó e o caçador, o lobo era irracional e eu julgava-o insignificante.
- Chapeuzinho vive só, porque não há ninguém na floresta;
- Chapeuzinho era corajosa, obediente e esperta (embora me parecesse boba ao fazer perguntas idiotas, ela estava ganhando tempo com o Lobo);
- ela cantava pelo caminho que percorria, para espantar a solidão...
- ela percebe a transformação da vovozinha e começa com as perguntas idiotas, como se estivesse pensando internamente o que fazer...
- quando o Lobo vai atacá-la, chega o Caçador, que além de impedir o sofrimento da Chapeuzinho, consegue resgatar a vovozinha da barriga do Lobo, com vida...
- termina a estória com o Lobo Mau morto, e assim a floresta estaria pronta para ser visitada por inteira...
- fim de tensão no caminho..
- o caçador trouxera a paz à Chapeuzinho!
Tenho certeza hoje eu escolhera UM SENTIDO PARA A VIDA, usando essa estória. Eu sempre buscaria o Caçador!
Há uma semana ganhei um cãozinho Black ou Wolf (ainda não sei como chamá-lo, parece que fica mais dócil quando Black e mais endiabrado quando Wolf) e olhando para ele, me lembrei de mim...
Como passei a vida atrás do Caçador!!!
Tudo o que fiz, vivi e senti, tinha um objetivo: ENCONTRAR O CAÇADOR!!!
Num belo dia, sem perceber, e nem mais me lembrar da estória.............
Percebi agora, que escolhi estória errada, porque na Chapuzinho o Caçador, a menina, mãe e vovozinha terminam juntos, e eu?
Eu reflito na mãe de mim mesma que sou, me deixando solta à floresta do desconforto emocional, do desamparo amoroso, sem refletir...
Eu reflito na Chapeuzinho que sou, completamente desligada da cena, sem se quer se dar conta que a vida está passando, e não há ninguém na floresta da vida que apavore tanto quanto a mentira...
Vejo em mim a Chapeuzinho que quer agradar alguém, mas esquece de se proteger, acreditando que um simples casaco vermelho com capuz seja suficiente para encapar-me..
Encontro em mim a vovozinha que ainda não entendeu que doces não são adequados á idade, que comer com a boca não é necessário quando se tem alimento na alma... Vejo-me como alimento de lobo mal intencionado e que por incrível que pareça saio ilesa de sua barriga, porque Meu Eu não faz digestão na barriga alheia ao amor!
E como não ser a Caçadora? Sorrio vendo em mim a grande Caçadora que sou, caço pessoas, caço amores, caço sorrisos, caço paz, caço tranquilidade e adoro resolver problemas dos outros...
Não sei como escrever aqui uma respiração profunda que nesse momento faço, e não devo escrever aqui sobre o meu caçador...
Ter um Caçador é você simplesmente saber que você vive porque um dia ele RESGATOU VOCÊ.
É esse caçador que habita minha alma, que me atende aos chamados sem gritos, que me olha sem julgamento, e que me mostra o quanto ainda preciso crescer...
Gostei da Chapeuzinho, gosto muito de mim, e assim como não sei o nome do autor da Chapeuzinho vermelho, não declinarei o nome do CAÇADOR DE MIM.
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