sexta-feira, 26 de junho de 2009

MAIS FRUTA - MAIS SAÚDE

Resultados de pesquisa mostram o crescimento alarmante da obesidade no Brasil, que acompanha a tendência mundial

O incentivo ao consumo de frutas frescas - muitas vezes preteridas por guloseimas sem valor nutritivo - traz benefícios não apenas para quem comercializa o produto, mas para quem os consome.
É fato que a alimentação saudável e a prática diária de atividades físicas são imprescindíveis para
solucionar dois dos problemas de saúde pública mais crescentes em todo o mundo: o excesso de peso e a obesidade.
Somente no Brasil, 13% dos adultos são obesos, sendo o índice maior entre as mulheres (13,6%)
e menor entre os homens (12,4%). Os dados são de um estudo realizado em 2008 pelo Ministério
da Saúde e divulgado em abril deste ano, o qual mostra que a enfermidade aumentou na população nacional adulta de forma rápida e preocupante.
Em 2006, quando foi apresentada a primeira edição do estudo, batizado de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Por Inquérito Telefônico (Vigitel), 11,4% dos brasileiros eram obesos.
Já, em 1975, outra pesquisa realizada no país, a Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef),
mostrou que apenas 2,8% dos homens e 7,8% das mulheres eram assim.
O problema não atinge apenas os adultos. Entre crianças e adolescentes, a prevalência de excesso de peso chega a 12% da população nacional e de obesidade a 6%, segundo dados mencionados pelo Conselho Nacional de Saúde, que publicou em dezembro de 2008 uma resolução para aprovar diretrizes que promovam uma alimentação saudável, com o objetivo de reverter a obesidade, que está associada ao aumento da prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT).
Este documento cita que a Organização Mundial de Saúde alerta que a epidemia global de sobrepeso e obesidade, associada ao aumento da prevalência de DCNT, tem entre os principais fatores de risco a alimentação de má qualidade, a inatividade física e o baixo consumo de frutas e hortaliças.
Conforme a nutricionista Luciana D P Magri, doutora em Biologia Funcional e Molecular pela Unicamp, e organizadora de congresso sobre obesidade, “há várias doenças associadas a problemas de gordura: diabete, apneia do sono, hipertensão, pedra na vesícula, doenças reumáticas, distúrbios dermatológicos e alimentares, como anorexia e bulimia, entre outras”, explica.
Segundo ela, “a doença traz ao indivíduo mal estar psíquico, emocional e físico, que se agrava com o passar dos anos, se não reverter o peso elevado. Assim sendo, a obesidade requer tratamento multidisciplinar, interagindo nutricionista, médico, educador físico, psicólogo, entre outros”, alerta.
Como o Brasil vivencia um caso de saúde pública com essa enfermidade, Luciana diz que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitou que, a partir de abril de 2008, os convênios médicos passassem a oferecer nutricionistas em sua lista de profissionais credenciados. “Achei que, por isso, haveria um boom de consultas pelo convênio, mas não foi o que observei. Acho que falta ao médico, em geral, o hábito de encaminhar o paciente ao nutricionista, quando diagnostica problemas alimentares e de peso. No caso da criança, caberia ao pediatra indicar o aconselhamento alimentar.”
Apesar de alguns pacientes terem a influência genética que leva à obesidade, Luciana afirma que a maioria dos que passa por seu consultório é obesa justamente porque se alimenta errado. Luciana atribui o aumento de obesos da população mundial à indústria de alimentos, que mudou o hábito alimentar das pessoas. “A alimentação errada, como excesso de guloseimas e falta de frutas, legumes e verduras, está ainda associada à baixa ingestão de água. Então, não é só aquilo que se come que faz mal à saúde, mas o que se deixa de comer. As frutas, legumes e verduras são alimentos reguladores do organismo e dão sensação de saciedade, desestimulando o apetite”, ensina. No consultório, Luciana aconselha, após as refeições, que seus pacientes comam uma fruta como sobremesa, pois são fontes de fibra, água, vitamina e sais minerais. De preferência, uma fruta fonte de vitamina C, que facilita a digestão e é antioxidante. Mas a vitamina C precisa de cuidados especiais: se a fruta não for consumida logo que for descascada, perde as propriedades principais. (Revista Frutas e Derivados -Ana Heloísa Ferrero)

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