O novo ano requer planejamento e autoconfiança
31/12/2008
Fábio Reynol
As conquistas pessoais estão ligadas diretamente ao que acreditamos, por isso, antes de batalhar por algo é fundamental conhecer a si mesmo e fazer planos coerentes.
Há seis meses, quatro adolescentes em vias de prestar o vestibular estavam completamente desmotivados para estudar e o medo os fazia achar que jamais iriam passar. Como eram colegas de classe, resolveram buscar ajuda juntos. Formaram um grupo de autoconhecimento sob a orientação da psicopedagoga Rita de Cássia Vital. Através das atividades no grupo, os estudantes começaram a descobrir as áreas de que realmente gostavam e a partir daí estabeleceram uma agenda, um plano de estudos e uma rotina de organização que simplesmente não existia até então. Resultado, os quatro passaram nas provas, cada um na área que escolheu.
O segredo desse sucesso não foi exatamente as técnicas de estudo, mas em descobrir por que eles não se sentiam confiantes o bastante para passar. “Por conta disso, eles se auto-sabotavam. Sentiam muito sono e os estudos eram completamente desorganizados”, conta a psicopedagoga. Essa sabotagem dos próprios planos costuma ocorrer quando as pessoas não acreditam em seus sonhos ou quando tomam para si metas que não são delas. Um exemplo típico são pais e mães que impõem uma carreira aos filhos em vez de deixá-los escolher. Por isso, segundo os especialistas, o primeiro passo para a autoconfiança é o autoconhecimento.
José Ciccone Neto: consultor e psicoterapeuta
Além de descobrir o que realmente queremos, ao nos conhecer podemos traçar metas coerentes com as nossas capacidades. É o que afirma o consultor e psicoterapeuta José Ciccone Neto. “Não adianta eu querer ser hoje o presidente de uma empresa, mas já está ao meu alcance ser um bom funcionário e subir aos poucos na carreira, degrau após degrau”, exemplifica o especialista. Outro fruto do autoconhecimento é a consciência dos próprios limites. É impossível ser bom em tudo. Tendo isso em mente, aconselha Ciccone, é preciso orgulhar-se dos pontos fortes mesmo sabendo que não somos perfeitos.
A partir daí, é possível tomar parte das competições, aceitando vitórias e derrotas. Segundo Rita Vital, um dos sintomas da falta de autoconfiança é a recusa em competir. “A pessoa simplesmente não disputa, não enfrenta. Prefere ficar de fora”, explica Vital. No entanto, sair do páreo só piora o quadro, pois o processo competitivo também nos diz quem somos. “É somente em grupo que obtemos critérios de comparação com o mundo”, afirma Ciccone, “estamos sempre checando capacidades em relação ao meio, ao grupo em que vivemos”. É assim que sabemos em que áreas somos melhores e em que pontos somos mais fracos.
Há outras interferências que também pesam no grau de autoconfiança de cada pessoa. Como a história de vida de cada um. “Um garoto que sempre ouviu a mãe dizer que ele não daria certo, terá que reprogramar toda essa parte negativa que absorveu para poder acreditar em si mesmo”, afirma Vital. Para esse jovem, um bom recomeço seria não dar ouvidos a essas vozes contrárias. Segundo a psicopedagoga, a maioria dos jovens tem uma postura passiva diante das adversidades e acabam reclamando das atitudes negativas dos pais, por exemplo, em vez de mudar a si mesmos. “Um estudante pode reclamar: ‘minha mãe vai para a praia durante o meu vestibular’. Sim, mas quem é que vai prestar o vestibular? Você ou a sua mãe? Pare de esperar uma atitude da sua mãe e tenha a sua”, alerta a profissional que costuma passar um conselho importante, a história do outro não serve como motivação, temos que nos basear em nossa própria vida se quisermos ter sucesso.
Um exercício que Vital recomenda para quem quer começar a mudar é a visualização criativa. Essa atividade nada mais é do que se imaginar já tendo conquistado os seus objetivos. Por exemplo, você quer um emprego em marketing? Imagine-se trabalhando em uma grande empresa do setor. O princípio desse exercício é simples, você vai registrando em seu subconsciente uma mensagem nova, com o tempo, esses novos registros substituem as mensagens de medo e insegurança que atrapalhavam o seu progresso.
Por fim, o psicoterapeuta Ciccone revela o item fundamental na bagagem de qualquer pessoa de sucesso: projetos. “Viva sempre com projetos”, exorta o especialista, “nada vem por acaso ou acontece por pura sorte. Trace seus objetivos e planeje como alcançá-los”. Agora é uma época propícia para isso. No início de cada ano, há um sentimento de renovação interior que deve ser aproveitado. Pense no que você gostaria de conquistar nesses próximos doze meses, estipule metas simples e vá realizando e aumentando aos poucos os seus sonhos. As pequenas conquistas servirão de estímulo para as maiores. Com o tempo, você aprenderá a usar os sucessos anteriores para se motivar e a não se abalar com os fracassos. Pois, como ensina Ciccone, “o importante é aprender a gostar de si mesmo, ter orgulho de seus quesitos e a plena consciência de que você não é perfeito”.
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